Seguidores

domingo, 21 de abril de 2024

#4 - Tubarão (Jaws - o filme/ livro)

Tubarão

 

Do livro ao filme, um verdadeiro clássico!

Livro escrito por Peter Benchley em 1974 ("Jaws" no original em inglês) e publicado no Brasil desde 2015 pela Darkside books (com 276 páginas em sua edição brasileira de capa dura, 270 na original em inglês), traz na sua narrativa muito mais que um simples romance onde pessoas são aperitivo para um "Grande Branco" (Tubarão Branco: Carcharodon carcharias). Em 2005 Peter Benchley escreveu uma introdução para futuras reedições de seu livro onde revela seu amor pelo fundo do mar e em especial por tubarões, que considera "as criaturas mais bem sucedidas" evolutivamente falando, (pois são predadores contemporâneos dos dinossauros e estão por aí até hoje...) e ainda que não fazia ideia que seu livro resultaria no sucesso que foi, chegando a se tornar já no ano seguinte um filme que por sua vez também se tronou um sucesso gigantesco e, por fim e o mais triste de tudo... a "demonização" do animal que lhe deu notoriedade. Benchley não se diz arrependido mas lamenta que sua obra tenha exposto tão negativamente um animal maravilhoso.

Aqui faço uma pequena observação: O livro trata de assuntos tão profundos que sequer são citados no filme. Se este não é o primeiro post que você lê por aqui, já sabe que procuro fazer sempre um comparativo entre o livro e o filme, especialmente quando o roteiro é escrito pelo próprio autor do livro (como foi o caso de um de nossos posts anteriores "Pet Sematary"), então lhes convido não para uma viagem qualquer, mas sim para uma ao fundo do mar... tá, tudo bem... é só um mais post do "Brog do Pabro" 















O Livro


Tubarão (Jaws - 1974 no original) 

Nesse "romance" escrito por Peter Benchley, temos uma serie de acontecimentos que envolvem não só um peixe gigantesco e suas possíveis e desavisadas vítimas. Peter Benchley soube dosar muito bem dramas pessoais e também profissionais, humanizando suas personagens. Martin Brody, Chefe de Polícia da cidade veraneia de Amity, na costa sul de Long Island (uma cidade fictícia) tem em suas mãos uma situação que ninguém gostaria de ter. 

Martin Brody decide interditar as praias depois de encontrar oque restou da jovem Chrissie Watkins. Chefe Martin recebe represálias de todo lado, especialmente do prefeito Larry Vaughan, pois a cidade depende da temporada de verão para ter condições de se manter pelo restante do ano (muito comum como em qualquer cidade turística que depende do público "flutuante" para acumular algum dinheiro para os meses de dificuldades) e o feriado do dia 4 de julho estava se aproximando (4 de julho é o dia da independência dos EUA, dia em que a colônia disse "adeus" aos colonizadores ingleses).

O prefeito faz pressão sobre Martin que sem ter certeza de que foi realmente um tubarão e que mesmo sendo, não sabia se o bicho tinha ido embora, acaba cedendo às vontades do prefeito ganancioso e esconde a informação. Dias depois, mais duas vítimas...

Outro drama para Martin. Ele sabia, ele poderia ter evitado mas não o fez... oque realmente ele poderia ter feito? O prefeito poderia tê-lo demitido e em seu lugar, colocado outra pessoa que atenderia suas ordens... Martins lidava agora com o remorso. 

 Em casa, Martin Brody tinha uma esposa dedicada e filhos. Sua esposa Ellen o amava incondicionalmente mas sentia falta da vida que levara antes de conhecê-lo. Ellen foi uma das veranistas cuja família detinha algumas posses que a possibilitavam verões em Amity e antes de se apaixonar por Brody fazia outros planos para própria vida. 

Mas agora, todo verão Ellen sentia-se nostálgica e sentia a necessidade de tentar se enturmar novamente com as pessoas com o nível social que hoje em dia ela já não possui. Ellen já não estava satisfeita com a vida que levava. Mais um problema para o Chefe Brody... 

Martin Brody tinha que lidar com: As famílias enlutadas pelos acidentes com o tubarão, com a dura decisão de interditar as praias às vésperas do maior feriado do ano, com a pressão fora do comum exercida pelo prefeito Larry Vaughan (que por sua vez era pressionado por sócios estranhíssimos que ninguém sabe quem são), com a divisão e a cobrança da opinião pública, com a caçada ao tubarão e resolução do problema e também com um drama pessoal que se desenha aos poucos... 

O livro é maravilhoso! Leitura fluída de fácil compreensão, qualquer pessoal que ainda não tenha desenvolvido um ritmo de leitura mais avançado consegue ler rápido e o amis importante, mantém sua atenção! Você quer saber oque o Chefe Brody vai fazer! Martin Brody tem um perfil raro hoje em dia! É sério, justo, honesto, devotado ao trabalho e à sua família e não usa de seus cargo e sua influência para obter vantagens pessoais. Só voltamos a ver alguém assim quando surgiu Alex Murphy que acabou se transformando no Robocop (filme de 1987). 

 Se você é fã de Tubarão (filme) e nunca leu este livro, leia! Você vai gostar demais! Se você gostou deste livro mas ainda não viu o filme, veja! É uma versão mais simplificada desta obra! Pra quem gosta dos dois, mas faz tempo que não revisita nenhum dos dois, deixo um conselho: Tente reler o livro e só depois reveja o filme, sua experiência será muito mais prazerosa.  

Ah, não... não darei spoilers sobre o livro, nessa resenha já temos elementos suficientes para despertar o interesse de quem quem gosta do tema. 



O filme


Com roteiro adaptado pelo próprio Peter Benchley e auxiliado por Carl Gottlieb o filme começou a ser produzido um ano após o lançamento do livro (livro de 1974, filme de 1975), por Richard D. Zanuck e Davi Brown, com trilha sonora de John Williams e a direção do então ainda jovem e já competentíssimo Steven Spielberg. 

Muitas adaptações foram feitas nas personagens, mas Peter Benchley e Carl Gottlieb tomaram muito cuidado para não descaracterizarem principalmente o Chefe Brody. 

Muito de seus dramas descritos no livro simplesmente não existem no filme. Sua esposa Ellen se tornou uma dona de casa sem a menor relevância na trama, existes trocas importantes de papéis no desfecho do filme com relação a quem "se vai" e a quem "sobra"(quem vive e quem morre, trocando em miúdos), mas podemos afirmar que entre "mortos e feridos" o saldo final é muito positivo.

 O drama de ter que interditar as praias durante um feriado nacional, afetando duramente a economia local continua, mais atenuado, mas continua... algumas mudanças em cenas que acabaram virando clássicas como por exemplo: No livro, ao iniciar a leitura temos a descrição de um casal que após beber demais em um jantar na casa de amigos à beira mar, decide ir à praia. A jovem Chrissie Watkins decide nadar após transar na areia com seu namorado e é atacada. 

No filme, na cena inicial temos um grupo de jovens em uma espécie de "luau" com vinho, fogueira, gaita e violão (adoro... 😏) já quase ao amanhecer e do nada um jovem sorri para  Chrissie Watkins e ambos tem a brilhante ideia de nadar àquela hora. Eles correm ao mesmo tempo em que se despem mas o rapaz está muito bêbado e não consegue acompanhá-la. Chrissie entra na água e então se transforma na primeira vítima.

Muitas outras diferenças existem, mas eu seria um tremendo desmancha prazeres se tirasse esse gostinho de quem veio aqui e vai querer descobrir essas diferenças por conta própria. Vai por mim, é bem divertido tentar... (leia o livro, depois veja o filme) 

O filme foi distribuído pela Universal Studios e teve um orçamento de (dinheiro que foi gasto na produção) $9 milhões (filme caro pra época) e sua bilheteria (lucro) rendeu $470,653.000,00 (excelente resultado!).


 

Curiosidades

Tubarão (Jaws - 1975)


Foi pensado para ser um filme de terror diferente de tudo já visto no cinema. Um filme onde o "serial killer" (apesar do tema ainda estar longe de estar esgotado à época) era um animal irracional que despertava ódio e fascínio ao mesmo tempo. Como odiar um animal irracional que só havia encontrado um lugar com águas calmas e de temperatura agradável além de ter alimento abundante? O bicho só havia encontrado um "oásis"... como odiar? Os comerciantes o odiavam bem. 

 Por se tratar de um "animatronic" (figura mecânica que representava o tubarão) e "viver" quebrando a todo instante, o tubarão passou a aparecer menos do que os idealizadores da obra gostariam. Já que "Bruce" (sim, esse era o nome do animatronic... chamavam-no de Bruce... "Tragam o Bruce para o set!") quebrava com frequência por ter que ficar boa parte do tempo dentro d´água, tiveram que adaptar as coisas no roteiro. Cenas onde o tubarão apareceria de fato atacando foram substituídas pela sugestionabilidade, ou seja, a câmera se aproximava da vítima e você tinha o ângulo de visão do tubarão e com o auxílio da reação da vítima somada à trilha sonora do brilhante John Williams você cria o ataque na sua cabeça. 

 Com isso perdeu-se muito do terror, mas com tomadas onde a câmera passeia dando a entender que aquilo é (e nem sempre era) um ataque, o filme ganhou muito em suspense e se tornou um filme muito mais refinado.  

Para a seleção de elenco, Spielberg não queria atores muito consagrados. O diretor queria causar nas pessoas a sensação que aquilo que acontecia no filme pudesse acontecer com qualquer um. Um elenco pouco conhecido acaba aproximando o público da trama, criando-se um vínculo de empatia, disse o diretor em uma entrevista certa vez. 

Música 

 Música tema criada por John Williams como descrito acima, mas com uma história interessante. 

 A música tema do filme ganhou o Oscar de melhor trilha sonora original e posteriormente foi considerada a 6° maior trilha sonora da história do cinema pela American Film Institute. Trata-se de uma composição baseada em apenas duas notas (trecho da trilha executada nos momentos  de clímax onde acontece a provável presença do tubarão) alternadas E (Mi) e F (Fa) e virou sinônimo de perigo próximo. John Williams teria descrito o tema como "esmagando caminhos até você, como um tubarão faria... instintivo, implacável, imbatível."

A trilha foi executada pelo tubista Tommy Johnson que teria perguntado a John Williams porque a trilha, composta em tom mais alto, não foi executada em um trompete, que seria mais apropriado e John lhe disse que queria um efeito mais ameaçador. Quando Steven Spielberg recebeu a trilha, ele achou que aquilo fosse uma piada.

O certo é que a trilha além de primorosa no seu todo, é brilhantemente atrelada ao foco de sua intenção (o tubarão) e é acionada quando necessário e silenciada em seguida, unindo-se para sempre ao animal. Impossível ouvi-la sem se lembrar do filme. 


Elenco

  • Roy Scheider.... Martin Brody
  • Robert Shaw.... Quint
  • Richard Dreyfuss.... Matt Hooper
  • Lorraine Gary.... Ellen Brody
  • Murray Hamilton.... Larry Vaugh
  • Carl Gottlieb.... Meadows
  • Jeffrey Kramer.... Hendricks
  • Susan Backlinie.... Chrissie Watkins
  • Chris Rebello.... Michael Brody
  • Jay Mello.... Sean Brody
  • Jeffrey Voorhess.... Alex Kintner
  • Steven Spielberg.... voz do rádio


Tubarão e dinheiro

Apesar de expor o animal de forma negativa, colocando sobre ele uma pecha de vilão que nunca lhe coube, tubarão trouxe muito lucro aos detentores dos direitos relacionados ao nome da produção. Virou uma franquia com 4 filmes (do contexto original), mas uma gama interminável de produtos relacionados aos filmes que vão de camisetas, bonecos, jogos, etc... 

Inúmeras "cópias" vieram a seguir, mas nada tão emblemático quanto o original, o primeiro, o único.  

 Ao lado uma imagem feita aqui em casa. Na imagem temos um Funko Pop de Bruce "mascando"  Quint, cena final do filme (oque é diferente no livro... leiam...  😁), um livro em capa dura lançado em 2015 (e comprado na mesma época) pela editora DarkSide (os caras são ótimos, e isso nem é merchan) e uma lata comemorativa lindíssima com um o filme em bluray, uma cópia digital, um dvd com horas de extras, um livreto recheado de fotos históricas de bastidores e um uma cópia do story board do filme!! Maravilhoso! Peguei numa oferta inacreditável na época uns R$20,00 (SÓ VINTE CONTOS, MANO!!! 😮) e eu precisava mostrar isso pra vocês, por isso esse pequeno apêndice. 😇



Pra finalizar...

Tubarão foi um filme muito bem feito de todos os pontos de vista. Roteiro, efeitos especiais, direção, música, atuações... tudo perfeito! Tenho uma relação especial com esse filme pois nasci e me criei em uma cidade litorânea e quando era criança (início dos anos 80) o filme ainda exercia grande fascínio nas pessoas. Cresci com meus primos mais velhos tentando me assustar gritando "cuidado com o tubarão!" e eu realmente tinha muito medo!  

Umas das primeiras experiências que tive com filmes de tubarão foi com um filme que nem pertence à franquia, era um filme chamado "O último tubarão" (L´ultimo squalo _ 1981) um filme que só depois de adulto descobri que era italiano. Esse filme passava muito no SBT (canal de tv) e aos domingos havia na grade de emissora um espaço chamado "Sessão das Dez" que começava após o "Show de Calouros" (programa apresentado por Silvio Santos) no início dos anos 80. Um filme era exibido e ao terminar esse mesmo filme era repetido na íntegra. 

 Me lembro de ter visto "O Último Tubarão" duas vezes seguidas na Sessão das Dez. 

Muitos filmes com essa "pegada" foram aparecendo... Alligator (filme de 1980 onde um crocodilo era jogado ainda filhote no vaso sanitário e deram descarga em seguida. O bicho foi parar nos esgotos onde cresceu e depois de adulto passou a se alimentar de pessoas), Piranha (filme de 1978 que conta como uma experiência do exército americano que modificava geneticamente esses peixes, e que por acidente teriam sido soltas num rio na região norte dos EUA... esse em especial, chamou a atenção de um dos assistente de Spielberg que teria o aconselhado  a ver o filme e tomar providências jurídicas por plágio. Spielberg teria visto e acabou rindo e desistindo. deixou pra lá...) mas nenhum deles teve o mesmo impacto... creio que a trilha sonora tenha sido sem dúvidas o maior diferencial entre todos. Lógico que Jaws sempre foi superior, mas quando você começa a ver muita coisa parecida tentando imitar algo que fez muito sucesso, isso acaba te cansando do tema, inclusive do original. Mas Jaws é pra mim o maior e melhor filme desse nicho já produzido. 🦈



 


 

Um comentário:

#5 - O Monstro da Lagoa Negra: Creature from the Black Lagoon - 1954

O último monstro clássico a entrar para o panteão dos imortais e atemporais monstros dos estúdios da Universal, o filme de 1954 tem muitas c...